Queria falar com você...
É que eu acho que não sou muito boa em me explicar, em dizer o que eu sinto de verdade.
Por isso que aconteceu aquilo. Foi por falta de proteção.
Foi por isso que você sentiu também.
Eu já disse, não consigo explicar.
Mas como? Você consegue entender o porque aquilo
aconteceu?
Lembra que eram só umas noites de loucura, só pra matar a vontade?
Então por que aquilo?
Por que quando a manhã chegou, a gente não colocou a roupa e foi embora como das outras vezes? Por que fizemos aquilo?
Por que?
Por que você colocou a mão no meu cabelo e me beijou daquele jeito?
Um jeito calmo, devagar, seu corpo me pesando e suas duas mãos no meu rosto, enquanto eu te abraçava de leve. Até não conseguir mais, e você não parava de me encher o peito, você me beijava e parava pra beijar todo o meu rosto, enquanto eu já não conseguia mais controlar nada e te abraçava muito forte, pensando que eu não queria que aquilo acabasse, seja lá o que tivesse acontecendo com a gente ali.
E nossos olhos fechados, nossas mãos em lugares bem diferentes do que nossas noites de loucura exigiam, as suas no meu rosto e as minhas te abraçando.
Quanto tempo aquilo durou? Nenhuma palavra, seu rosto no meu, me deixando com as marcas vermelhas da sua barba, foram tantos beijos secos nos meus olhos, testa, boca, bochecha... Tudo tão fora do nosso contexto. E depois, tão fora do contexto quanto, deitamos e com as bocas encostadas, dormimos, tão abraçados, tão entrelaçados... Dormimos pra depois acordar, e você, com o seu peso em mim, segurar o meu rosto e me olhar, pra perguntar bem baixinho se eu era sua. Sou. Você é? Fala de quem você é? Sua, sou sua.
Eu estava muito confusa. Uma confusão tão grande e uma vontade de pedir pra pelo amor de Deus, você me deixar em paz. Meus olhos estão molhados desde quando comecei a não entender mais nada.
Confusa que estava, colocamos as roupas e fomos embora.
Mas antes, no caminho pra porta, você me parou, e de novo me beijou daquele jeito. Sem mãos pelo meu corpo procurando satisfazer seus desejos, com as mãos me abraçando forte e calmo, com os olhos fechados, devagar.
E esse momento? Durou quanto tempo? Você me tirou a noção.
Nada fazia sentido ali. Fazia sentido quando a gente se encontrava e matava nossos desejos mais obscenos, e falava coisas que nunca poderiam ser repetidas fora dali.
Mas aquilo? Aquele jeito que você fez? O jeito de passar a mão no meu cabelo e, de olhos fechados, passar seu rosto no meu?
Nada fazendo sentido, achei que tinha sobrevivido dessa vez.
Quando cheguei em casa, vi que não. Com a sua mensagem dizendo que não queria ter ido embora e que já estava com saudades, eu vi que não deu certo dessa vez.
A gente confundiu tudo. A gente preferiu ficar abraçados, juntos, deitados, sorrindo, entre milhares de beijos e sei lá.... Do que se pode chamar aquilo que estava entre a gente? Carinho? Não!! Essa palavra não pode ser dita quando se trata da gente!
Eu sei, eu sei. Mais uma vez eu estou o que? Apaixonada?
E vai ser também daquele jeito que eu me desapaixono em 3 segundos e me pergunto onde eu estava com a cabeça quando eu pensei que estava envolvida.
E toda vez eu invento alguma coisa diferente.
Com você, eu estou inventando isso que aconteceu. Isso que eu senti e que não deixa meus olhos em paz, cismam em se encher de lágrimas toda vez que eu lembram dos beijos que receberam...
28 de maio