Acabei de lembrar do dia que eu peguei a minha carteira de motorista.
Nós já estávamos terminados. Ninguém nunca tinha dirigido seu Golf novo.
Você foi da Barra até a minha casa no Leblon só pra eu dirigir.
Eu passei a marcha sem o pé na embreagem e achei que você me mataria (o que faria em outros tempos).
Você riu.
E depois você me deixou em casa e colocamos no som a música que o Chiclete fez pra gente.
E eu chorei descontroladamente, dentro do carro, enquanto nos abraçávamos.
Não lembro o que você me dizia, porque devia ser lindo. E na época, eu me anulei em relação a tudo o que era lindo e vinha de você.
Mais uma lembrança que juntei com as fotografias e coloquei numa caixa vazia... O que restou do amor.
sexta-feira, 31 de outubro de 2014
O casamento e as recordações escrotas II
Mais um casamento dos nossos amigos, né?
Isso devia ser proibido. Você e seu ex em casamentos de amigos em comum.
Tudo pra pensar que poderia ser nós dois ali.
Tudo pra repensar porque nos separamos.
Tudo pro destino me dar um tapa na cara.
Tudo bem escroto, que nem no casamento anterior.
Mas dessa vez, sem meus pais pra você ficar bajulando. Sem a minha mãe pra te contar a minha vida inteira e você depois vir fazer joguinho dizendo que sabia o que eu andava fazendo.
Sem meu irmão pra você brincar de lutinha enquanto eu converso com ele.
Sem minha família pra me lembrar, durante todo o casamento, o quanto a gente se gostava.
Foda-se. Eu disse mil vezes. Disse pra todo mundo que me falava o quanto era engraçado nos ver juntos no casamento da Lu.
Eu morria de rir, brincava com todos e dizia o quanto sentia falta da época que éramos moleques e nossos grandes problemas eram quando tínhamos trabalho da faculdade pra fazer no final de semana
.
.
Morria de rir.
Até morrer de chorar, depois, sentada na escadaria daquele casarão com uma taça de champagne numa mão, um cigarro na outra e os pés descalços.
Até morrer de chorar, depois, sentada na escadaria daquele casarão com uma taça de champagne numa mão, um cigarro na outra e os pés descalços.
E teve toda aquela palhaçada de você ir atrás de mim, perguntar porque eu chorava e eu gritar mandando você ir embora dali.
-Tem certeza que quer que eu vá?
-Sai daqui!
Depois de um beijo roubado em que eu não tive reação alguma, você me deixou lá, no escuro.
Chorando... Até querer mandar tudo pro espaço, até querer que você não tivesse namorada há seis anos e que eu não fosse casada há quatro. Até querer tanto e ignorar, o que eu melhor sei fazer.
E então, curtir a festa.
Vamos combinar uma coisa? Nada de reparar na minha roupa, nada de reparar que eu chorei na cerimônia, nada de papo.
Vamos nos cumprimentar como duas pessoas quaisquer, como dois amigos, o que somos há mais de quinze anos. Se tiver que conversar, vamos ser rápidos, só por educação.
Mesma mesa, nem pensar. E então, eu vou embora cedo e está tudo certo.
Não sei quando vou conseguir, mas espero te olhar com aquela falta de paciência que eu tinha assim que nos separamos.
Sem arrependimento, e tendo a certeza de que, quando eu te deixei, chorando e dizendo que nunca mais ia amar ninguém, estava com a consciência mais tranquila do mundo.
Sem arrependimento, e tendo a certeza de que, quando eu te deixei, chorando e dizendo que nunca mais ia amar ninguém, estava com a consciência mais tranquila do mundo.
Consciência filha da puta.
quarta-feira, 29 de outubro de 2014
Premissas profissionais.
Não meu filho, não venha jogar seu charme pra cima de mim não, porque você vai se fuder.
Não me venha com essa sua blusa rosa clarinho da Polo, que me deixa mole de tanto charme.
Não me venha com esse seu jeito sério e aparentemente bravo com tudo. Me falaram que fora da empresa você é outra pessoa.
Não me venha com esse seu olhar fulminante pra cima de mim enquanto passa pelo vidro da minha sala.
Não me venha com esse seu ar sério sem me dizer "de nada" quando eu te agradeço. E pior de tudo, nunca mais, nunca mais - tá entendendo? - você cruze comigo e sorria respondendo um "tudo bom" quando eu te pergunto, séria - única e exclusivamente por educação - "tudo bem?", como forma de cumprimento quando eu cruzo com você pela primeira vez no dia.
Isso aconteceu apenas uma vez, mas se acontecer de novo, você vai ver.
Olhe bem, favor não manter nenhum tipo de contato além do estrito necessário.
E quando eu for treinar com você... Ah garoto... Não sorria, não dê um pio pra falar nada além de me explicar sobre a sua área.
E favor ser breve, não quero passar o dia todo do seu lado.
Grata.
Não me venha com essa sua blusa rosa clarinho da Polo, que me deixa mole de tanto charme.
Não me venha com esse seu jeito sério e aparentemente bravo com tudo. Me falaram que fora da empresa você é outra pessoa.
Não me venha com esse seu olhar fulminante pra cima de mim enquanto passa pelo vidro da minha sala.
Não me venha com esse seu ar sério sem me dizer "de nada" quando eu te agradeço. E pior de tudo, nunca mais, nunca mais - tá entendendo? - você cruze comigo e sorria respondendo um "tudo bom" quando eu te pergunto, séria - única e exclusivamente por educação - "tudo bem?", como forma de cumprimento quando eu cruzo com você pela primeira vez no dia.
Isso aconteceu apenas uma vez, mas se acontecer de novo, você vai ver.
Olhe bem, favor não manter nenhum tipo de contato além do estrito necessário.
E quando eu for treinar com você... Ah garoto... Não sorria, não dê um pio pra falar nada além de me explicar sobre a sua área.
E favor ser breve, não quero passar o dia todo do seu lado.
Grata.
terça-feira, 28 de outubro de 2014
Improbabilidades de um sábado de manhã
Sete horas da manhã meu despertador toca com a mensagem:"Ibmec te chama às sete da manhã".
Como em todos os sábados, eu não me acostumo e penso porque eu resolvi fazer pós graduação em pleno sábado. E logo em seguida eu lembro que, pela primeira vez, eu tinha uma prova em que se me perguntassem meu nome, eu não saberia escrever.
Depois de todos esses pensamentos, eu fiz o checklist diário no celular e fui me arrumar.
Andando pela rua que nem um zumbi, chego no metrô às sete e meia da manhã e espero. O lugar vazio que eu menos precisava andar para chegar era ao lado de um menino de skate. O meu primeiro pensamento foi cheio de raiva daquele menino saudável indo andar de skate àquela hora da manhã, ao invés de dormir até as duas da tarde, que era o que eu gostaria de ter feito. O meu segundo pensamento foi que ele era uma graça. O terceiro foi da porra da prova que eu não sabia nem o nome da matéria.
Já de saco cheio de todo o meu dia já inteiro programado prova-chábardecasamento-ressaca, fui fazer o segundo checklist de apagar as fotos dos grupos do whatsapp que o meu celular faz o favor de gravar. Eu cheguei a ter um pouco de pé atrás daquele menino estar vendo eu apagando as fotos absurdas que meus amigos enviam nos grupos e pensar que era eu quem as salvava por vontade própria. Ele me acharia uma promíscua, lésbica, puta, anti-PT, rica e racista com os nordestinos (o que eu sou). Depois pensei: Foda-se, nunca mais vou ver na vida. Até que eu, acostumada a encostar meu skate por aí - deixando cair e sempre amparando com o pé e ganhando um roxo novo - vi a cena que já estou acostumada: o skate do menino que acorda às sete da manhã num sábado lentamente indo de encontro ao chão. E eu, no meu cotidiano reflexo, coloquei o pé para amparar. Em vão. Só deu tempo do menino distraído ouvir o barulho, pegar do chão e me agradecer. A situação, que durou meio segundo, me despertou e eu lembrei da prova. Peguei um único papel que tinha algumas anotações e comecei a ler.
-Prova?
-Oi? Ah, é... Um saco.
E então o diálogo continuou com a pergunta que estava me incomodando:
-Por que você não está dormindo agora?
-Marquei com uns amigos de ir de skate até Copacabana...
Um dia eu queria ser assim, imagina, não acordar querendo morrer de tanta ressaca e ser saudável em pleno sábado de manhã. Conversa vai, conversa vem e saltamos no Centro, onde ele iria iniciar seu trajeto de skate. Não fomos cada um pra um lado, ele me levou até a porta do Ibmec, num ato de fofura.
-Não sei seu nome!
-Felipe. A gente se fala.
-Tá bem.
Prova.
Chá Bar de casamento. Meu celular apita: "Como foi na prova?" Fofo. A conversa começou cheia de brincadeiras e assuntos interesantes. E obviamente, eu fiquei encantada.
Final do Chá Bar: Meia garrafa de Gin, a única bebida que não tem carboidrato. Sem condições alguma de manter qualquer tipo de diálogo, o meu subconsciente continuou a conversar com o menino do metrô. E última coisa que meu subconsciente, sensatamente, escreveu foi:
"Felipe, acabei de chegar em casa. Vou dormir, tô exausta. Beijos."
Pefeito. Consegui não estragar tudo! Acordei com uma mensagem dele: "Me ama?"
Eu fiquei sóbria de novo na hora. Sóbria e desesperada, pensando: Eu não seria capaz. Eis que eu criei toda a coragem do mundo, que sabe Deus de onde eu tirei, porque eu não tinha nenhuma e abri o celular. Exatos vinte minutos depois de uma lucidez extrema em que eu me despedi, havia lá um "eu te amo". Enfim... Depois de tentar inventar várias desculpas até ele me dizer um: "Vou fingir que acredito pra encerrar o assunto.", eu abaixei a cabeça e ganhei o apelido de "amor", em um áudio fofo na manhã seguinte.
O tipo de coisa que, só quem é phd em cagadas, faz.
Andando pela rua que nem um zumbi, chego no metrô às sete e meia da manhã e espero. O lugar vazio que eu menos precisava andar para chegar era ao lado de um menino de skate. O meu primeiro pensamento foi cheio de raiva daquele menino saudável indo andar de skate àquela hora da manhã, ao invés de dormir até as duas da tarde, que era o que eu gostaria de ter feito. O meu segundo pensamento foi que ele era uma graça. O terceiro foi da porra da prova que eu não sabia nem o nome da matéria.
Já de saco cheio de todo o meu dia já inteiro programado prova-chábardecasamento-ressaca, fui fazer o segundo checklist de apagar as fotos dos grupos do whatsapp que o meu celular faz o favor de gravar. Eu cheguei a ter um pouco de pé atrás daquele menino estar vendo eu apagando as fotos absurdas que meus amigos enviam nos grupos e pensar que era eu quem as salvava por vontade própria. Ele me acharia uma promíscua, lésbica, puta, anti-PT, rica e racista com os nordestinos (o que eu sou). Depois pensei: Foda-se, nunca mais vou ver na vida. Até que eu, acostumada a encostar meu skate por aí - deixando cair e sempre amparando com o pé e ganhando um roxo novo - vi a cena que já estou acostumada: o skate do menino que acorda às sete da manhã num sábado lentamente indo de encontro ao chão. E eu, no meu cotidiano reflexo, coloquei o pé para amparar. Em vão. Só deu tempo do menino distraído ouvir o barulho, pegar do chão e me agradecer. A situação, que durou meio segundo, me despertou e eu lembrei da prova. Peguei um único papel que tinha algumas anotações e comecei a ler.
-Prova?
-Oi? Ah, é... Um saco.
E então o diálogo continuou com a pergunta que estava me incomodando:
-Por que você não está dormindo agora?
-Marquei com uns amigos de ir de skate até Copacabana...
Um dia eu queria ser assim, imagina, não acordar querendo morrer de tanta ressaca e ser saudável em pleno sábado de manhã. Conversa vai, conversa vem e saltamos no Centro, onde ele iria iniciar seu trajeto de skate. Não fomos cada um pra um lado, ele me levou até a porta do Ibmec, num ato de fofura.
-Não sei seu nome!
-Felipe. A gente se fala.
-Tá bem.
Prova.
Chá Bar de casamento. Meu celular apita: "Como foi na prova?" Fofo. A conversa começou cheia de brincadeiras e assuntos interesantes. E obviamente, eu fiquei encantada.
Final do Chá Bar: Meia garrafa de Gin, a única bebida que não tem carboidrato. Sem condições alguma de manter qualquer tipo de diálogo, o meu subconsciente continuou a conversar com o menino do metrô. E última coisa que meu subconsciente, sensatamente, escreveu foi:
"Felipe, acabei de chegar em casa. Vou dormir, tô exausta. Beijos."
Pefeito. Consegui não estragar tudo! Acordei com uma mensagem dele: "Me ama?"
Eu fiquei sóbria de novo na hora. Sóbria e desesperada, pensando: Eu não seria capaz. Eis que eu criei toda a coragem do mundo, que sabe Deus de onde eu tirei, porque eu não tinha nenhuma e abri o celular. Exatos vinte minutos depois de uma lucidez extrema em que eu me despedi, havia lá um "eu te amo". Enfim... Depois de tentar inventar várias desculpas até ele me dizer um: "Vou fingir que acredito pra encerrar o assunto.", eu abaixei a cabeça e ganhei o apelido de "amor", em um áudio fofo na manhã seguinte.
O tipo de coisa que, só quem é phd em cagadas, faz.
terça-feira, 14 de outubro de 2014
Só rindo de um coração tão vulnerável assim...
No caso, o meu coração.
Coitado... Olha pra um lado e vê aquele carinha com um casaco vinho fumando um cigarro, fica desconsertado. É ele, o homem da minha vida.
Lá longe tem um outro que faz brincadeiras e leva um casaco pra você não sentir frio. Pronto.
Um pouco mais a frente, tem o amigo, que não consegue ficar sem pegar em você e te rouba um beijo no escuro do taxi. É ele, sempre soube.
Pra atrás, ficou aquele da eterna mochila amarela, que tanto te cortejou, e resolveu largar de mão. Que decepção, hein coração...
Aí reaparece um pseudo-juiz, um antigo caso e dois novinhos em folha.
Dois. Que não mereceram nem um texto separados, de tão juntos que são.
Um médico, sério e engraçado ao mesmo tempo, de um lado, e um advogado nada sério, companhia necessária nas minhas noites de bebedeira.
Pobre coração que não sabe fazer escolhas, que cata o primeiro que aparece e jura que dessa vez vai, que agora é de verdade. E não entende nada, não consegue olhar nem um pouquinho pra frente, não enxerga de longe. Nem desconfia que é pura carência, vontade e falta de vergonha.
Acorda, coração, não é assim que a banda toca.
Quando ele chegar, não vai ser com você agoniado. Vai ser com calma. De repente já chegou e você nem dá tempo de ele respirar. Nem percebe, porque está muito preocupado em viver tudo com tanta intensidade, que esquece que o amor não tem pressa
Você(s)
Foi naquele dia que te conheci, pouco falante, ria quieto enquanto todos nós conversávamos. Foi naquela noite, que você não parava de falar.
Gostei quando você chegou, de blusa azul de manga comprida, estava lindo de vermelho.
Eu gostei de nós dois juntos, é bom quando você me beija tão tímido, com aqueles beijos sem vergonha nenhuma.
E você me chama pra sair, ir em um bar português em Copa, eu aceito e te encontro na Urca pra mais um chopp de fim de tarde.
Me faz bem você ser tão sério, conversando sobre como já fez tantos partos e como gosta da medicina. Um advogado, quem diria, com todo esse ar de fazer piada de tudo.
Alto, me abraça muito grande. O seu olhar é da altura do meu.
Gostei de dormir na sua casa em Ipanema, bem no centro de Copacabana.
Seu apartamento de dois quartos é uma graça, mas é enorme pra você, que mora sozinho no seu quarto e sala.
Pele morena, quando pega sol fica vermelho.
Me pede pra ligar quando chegar em casa e eu, prontamente, mando mensagem como pediu.
Fala pelos cotovelos, conversa e implica comigo. Com seus olhos grandes não fala nada, sorri com os olhinhos tão pequenos, apertados.
Diz que é enrolado, com uma amizade colorida, não tem ninguém, nenhum caso.
Eu acho que eu gosto de você, que já vi há muito tempo atrás, mais de ano, mês passado.
Gostei quando você chegou, de blusa azul de manga comprida, estava lindo de vermelho.
Eu gostei de nós dois juntos, é bom quando você me beija tão tímido, com aqueles beijos sem vergonha nenhuma.
E você me chama pra sair, ir em um bar português em Copa, eu aceito e te encontro na Urca pra mais um chopp de fim de tarde.
Me faz bem você ser tão sério, conversando sobre como já fez tantos partos e como gosta da medicina. Um advogado, quem diria, com todo esse ar de fazer piada de tudo.
Alto, me abraça muito grande. O seu olhar é da altura do meu.
Gostei de dormir na sua casa em Ipanema, bem no centro de Copacabana.
Seu apartamento de dois quartos é uma graça, mas é enorme pra você, que mora sozinho no seu quarto e sala.
Pele morena, quando pega sol fica vermelho.
Me pede pra ligar quando chegar em casa e eu, prontamente, mando mensagem como pediu.
Fala pelos cotovelos, conversa e implica comigo. Com seus olhos grandes não fala nada, sorri com os olhinhos tão pequenos, apertados.
Diz que é enrolado, com uma amizade colorida, não tem ninguém, nenhum caso.
Eu acho que eu gosto de você, que já vi há muito tempo atrás, mais de ano, mês passado.
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