- Tá fudida, vou te pintar inteira!
-Como você sabe meu nome?
-Sou amigo do fulano.
-Ahn...
Eu também lembrava dele. Carnaval de uns três anos atrás, era o Pedro.
Trote na faculdade, ele era meu veterano. Que ótimo...
Lá se foram cinco dias voltando pra casa toda pintada e uma semana com cabelo azul da tinta que não saía.
Chegou a sexta-feira, choppada, ufa! Eu e ela já estávamos com nossas cervejas, e me vem o Pedro, com esse diálogo, exatamente:
-E aí? Tá há muito tempo aqui?
-Acabei de chegar.
-Vou lá então...
Ele passou a mão no meu ombro e foi embora.
-Ele tá afim de você - Ela falou.
-Ahn?
-Ele tá afim de você.
-Não viaja.
Isso tudo foi motivo o suficiente para que meu castelo de areia desmoronasse.
Na semana seguinte, eu tinha aula de geometria descritiva, e tinha a folha de exercícios 1 pra fazer. Nos encontramos e eu disse que não sabia fazer, ele disse que me ajudaria e combinamos de nos encontrar na sala de estudos ao 12h do dia seguinte. Eu estava lá 11:45, ele não apareceu até 13h. Fui pra Choppada no mesmo dia - sim, tinha choppada quase todos os dias -, e esperei ansiosamente ele chegar. Esperei porquê desde o momento em que ela falou que ele estava afim de mim, eu havia me apaixonado por ele. Vai entender a força das palavras daquela melhor amiga pro resto da vida (sim, Tchu!). Ela me fudeu!
Eu tava muito nervosa, e piorou quando aquela mochila amarela vinha cruzando o gramado. Eu tava cheia de desaforos pra dizer a ele, mas não disse nada. Ele que veio:
-Pô, foi mal, nem deu pra eu ir hoje...
-Tranquilo...
E foi dar uma volta. Eu não entendia porque meu coração vagabundo tava daquele jeito.
E nesse dia ele olhou pra mim e tentou me beijar, eu disse:
-Tenho namorado.
E fui embora. E toma-lhe pensar nele! O final de semana passou mais lento do que o normal, e o intervalo da aula de segunda feira iluminou meu dia. Passamos a conversar mais naquela semana, porque eu sempre estava onde ele estava e coincidentemente, ele sempre estava onde eu estava também. E na quinta-feira voltamos juntos de ônibus, tava trânsito, ele pegou a minha mão e olhou minha aliança, eu a escondi e ri. E conversamos até chegar em casa.
Chegou a sexta-feira e junto com ela, a Choppada. Eu estava ansiosa pra começar logo, e as aulas foram inúteis naquele dia. Ele havia sumido na hora, e eu achei que ele tivesse ido embora. Eu enchi a cara, como de praxe e algum tempo depois ele apareceu, com novas bebidas. Foi direto na minha direção:
-Não parei de pensar em você desde ontem.
-Você tá bêbado.
Ele fez o 4: Não estou não.
-Então tá maluco.
-Você acha?
-Acho.
Ele desapareceu de novo e eu fiquei ali parada tentando assimilar as palavras que saíram da minha boca antes sequer de eu dar tempo do meu coração mandar uma mensagem pro meu cérebro!
Ele voltou. Eu não falei nada pra ninguém, eu o vi vindo lá no final do corredor, e fui igual a uma maluca na direção dele. Coloquei uma mão em cada ombro, o encostei na parede e lá foi:
-Agora você vai ouvir! Você acha o quê? Me aparece na minha frente falando que não parou de pensar em mim? Você quer saber, quer? Eu não paro de pensar em você, você tá me deixando maluca porquê eu tô apaixonada por você e eu tenho namorado! Por quê você não foi fazer a folha de GD comigo? Eu tava lá te esperando! E eu lembrava seu nome também!!!
-Então larga seu namorado e fica comigo!
-Eu não posso!
-Não pode o quê! Você tá dizendo que tá apaixonada por mim e eu também tô por você!
-Não!!! Chega!!!
E saí...um pouco em pânico.
E essa história rendeu bons semestres da faculdade. Eu estava perdidamente apaixonada, mas não tinha culhão pra largar meu namorado. E foram dias e dias voltando juntos da faculdade, indo juntos, passando a tarde nas choppadas juntos, nos abraçando, mas sem se beijar, porquê eu achava que seria traição apenas se eu o beijasse, mas deixar ele me beijar inteira era ok, que bobagem....
E sempre bêbados nos declarávamos, eu chorava, e brigávamos! Jurávamos que não nos falaríamos mais... Era até engraçado, ele me pegava pelo braço, me fazia declarações de amor, pedia pra eu largar meu namorado e ficar com ele, e eu quase morria, jurava amor eterno a ele, mas dizia que não iria trair meu namorado, e ele sempre ficava muito puto, me xingava e dizia que não ia falar comigo nunca mais, e chegava o final da choppada, lá estávamos nós, juntos outra vez, mais bêbados ainda. Era toda semana a mesma coisa. Algumas vezes variavam, como da vez que eu o vi ficando com uma amiga minha. Teve o mesmo começo, mas teve uma hora que eu falei alguma coisa pra ele, que ele disse "então morreu", se virou e sumiu, e então eu fui correndo falar pra ela tudo o que ele tinha me falado e eu também, e pedi pra que ela lembrasse pq eu tava muito bêbada e não lembraria depois. Mas amiga que é amiga tá bêbada também, e então ela se esqueceu, óbvio. Só sei que eu o vi ficando com uma amiga minha. Na mesma hora, eu quase morri e fui embora correndo, eis que uma outra amiga me viu e foi atrás de mim. Eu sei que eu ouvi a voz dele, não sei como. Ele me chamou uma vez, eu não virei, meu chamou a segunda, eu continuei andando, e ele puxou minha amiga e disse que sabia que eu tava muito puta, mas que na segunda-feira falaria comigo. Ele não falou nunca, porquê também estava muito bêbado pra lembrar. Nesse dia a noite, eu estava indo prum casamento e de dentro do taxi eu o vi, com a mochila amarela andando pelo meio da rua, na chuva, sozinho....
Vieram as férias e junto com ela, o fim do meu namoro, porquê não dava mais. Além de eu ter me apaixonado por outra pessoa, a vida me apaixonava ainda mais e eu precisava vivê-la.
Mais um semestre começava, e eu precisava encontrar com ele. No final do semestre passado, ele já não falava mais comigo e nem eu com ele, brigávamos o tempo todo e ele só me dizia que eu era uma mimada, cheia de vontades, tudo tinha que ser do meu jeito e eu era uma mandona! Ele era louco por mim. Eu era louca por ele. Sempre que tínhamos oportunidade, brigávamos um pouco mais, era delicioso.
Era o primeiro dia de aula, e eu estava esperando o elevador. Quando a porta se abriu, ele estava saindo e eu entrando, paramos no meio, entre as várias pessoas que nos esbarravam!
-Como você tá?
-Solteira - Foi tudo o que me veio na cabeça! Era pra eu responder que tava bem, sei lá.
-E eu casado.
Juro!!! Meu chão caiu e eu entrei no elevador querendo morrer!
Mas como a mulher sempre tem o controle e homem é sempre filho da puta, eu não deixei a peteca cair.
Que venha a choppada. Que venha aquela mochila amarela.
Já estávamos bêbados, conforme manda o figurino e eu o puxo.
-Esse namoro é sério?
-Quê?
-Vai, responde. Esse namoro é sério?
-É um namoro.
-Mas é um namoro sério?
-O que você chama de um namoro sério?
-Se não for sério você vai lá no segundo andar comigo, se for, você não vai.
Eu mal tinha terminado a frase quando ele me puxou pelo braço.
Entramos no elevador, cada um num canto, quando as portas se fecharam ele me agarrou da forma mais gostosa do mundo e não paramos de nos beijar. Entramos numa sala que dava pro teto de um prédio. Pulamos a varanda e ficamos ao ar livre, sentados com as pernas balançando lá pra baixo, onde estavam todos se divertindo. Deitamos e ficamos olhando as estrelas e dizendo o quanto havíamos esperado por aquele momento.
Mas como não existe conto de fadas, ficamos algumas vezes e depois abandonei a Arquitetura. Muito chato.
"Hoje eu queria tomar um café ouvindo você suspirar, me dizendo que eu sou a causadora da sua insônia e
que eu faço tudo errado sempre..."
quarta-feira, 29 de junho de 2011
quarta-feira, 22 de junho de 2011
Depressão internacional
Todo mês é a mesma coisa. Minha TPM chega de avião, uma viadagem só. Ela faz questão de dar uma passadinha na Dinamarca, um pitstop nos States e, porque não?, uma paradinha no Rio e Espírito Santo, e enfim, desembarca com tudo, em Salvador. É uma merda. Ela faz questão de bater um papo com todos os meus amores, todos os que um dia foram os homens da minha vida, todos os bons partidos que eu fiz questão de mandar pra putaqueopariu. Enfim, minha Tpm faz questão de me fuder todo mês.
E lá vem ela, junto com milhares de lembranças que me fazem encher os olhos d´água, relembrar músicas, fantasiar cenas, e me culpar por cada coisinha que eu fiz de errado, e só soube depois. Porra, será mesmo que eu tenho que me culpar por tudo o que eu fiz? Eu tava curtindo, pô, pode ser? Eu não tava no clima, eu queria curir. Foi mal! Será que eu tenho que espalhar outdoors pela cidade, quer dizer, pelo mundo, pedindo perdão para todos que eu magoei. Pera lá! Eles me magoaram também, não conta não, é? Eles me deixaram fudida. Tudo bem que fui eu quem foi embora, mas eu sofri, eles me abandoram depois também. A culpa não é só minha! Se eles tivessem tpm, eles iriam ver que também contribuíram pra eu me mandar! Que graça tém só eu levar a culpa? E pra quê, me diz, pra quê minha tpm tem que passar em Copenhagem? Porra!!! Eu não quero lembrar dele, não quero, passo o mês todos numa boa, sem doença nenhuma e me vem ela e estraga tudo? Ao som de "underneath your clothes, there's an endless story...", me vêm as lembranças, as histórias, os sorrisos, a mágica daquele segundo encontro e a dúvida de como o destino fez aquele milagre. Seria mesmo normal, uma menina se apaixonar por um menino só pelo olhar dele, e ao passar a noite com ele, o amar perdidamente? Seria normal ela acordar no dia seguinte e ao perceber que ele não estaria lá na hora marcada (porquê havia ido mais cedo e ela não estava), ela chorar e não conseguir mais levantar da cama? Seria normal ela passar uma tarde abraçada ao travesseiro chorando, simplesmente por achar que o menino que ela conhecera no dia anterior havia ido embora? Não! Não é normal. Claro que não é. E então, lá vai ela pra Califórnia. Mais precisamente para a Black Mountain Rd, e ainda mais a fundo, ela me faz reviver aquele momento escuro do carro para a porta da frente, que sempre estava aberta. E depois ela sobe aquelas escadas atapetadas e vai direto prum quarto de menino, com um cachorro boxer sempre acompanhando. Porra, e ela passa por tantos momentos, tantas palavras em inglês e tantas feridas que aparecem quando eu ouço aquela música, Caralho! Essa tpm me fode!!! E ela me deixa ainda mais alcoólatra, e tpm chique que se preze pede whisky, licor de chocolate, conhaque, juro, eu tenho vontade de beber conhaque! Caralho! Eu odeio essas bebidas, eu gosto de cerveja! E ela vai pro Carnaval de Ssa e um segundo depois vai pra Vitória! Ela me ilude, eu penso em dar uma risada lembrando das putarias do carnaval e me aparece ele, todo lindo, e ela vai direto pros momentos em que eu mentia descaradamente pra ele, que era o vulgo amor da minha vida, e lá vai... ralo a baixo, lá vai ele... E minha tpm lá, vibrando com minha tristeza profunda. Porra, na hora eu ria! Tenho mesmo que ficar me lamentando agora? E toma-lhe bebida! Até cachaça... Sim, uma cachacinha ma-ra-vi-lho-sa de Minas. Quero, claro - digo eu, salivando por um shot...
Vai entender... Alguma coisa em mim tinha que ser chique.
Que seja apenas uma vez por mês....
E lá vem ela, junto com milhares de lembranças que me fazem encher os olhos d´água, relembrar músicas, fantasiar cenas, e me culpar por cada coisinha que eu fiz de errado, e só soube depois. Porra, será mesmo que eu tenho que me culpar por tudo o que eu fiz? Eu tava curtindo, pô, pode ser? Eu não tava no clima, eu queria curir. Foi mal! Será que eu tenho que espalhar outdoors pela cidade, quer dizer, pelo mundo, pedindo perdão para todos que eu magoei. Pera lá! Eles me magoaram também, não conta não, é? Eles me deixaram fudida. Tudo bem que fui eu quem foi embora, mas eu sofri, eles me abandoram depois também. A culpa não é só minha! Se eles tivessem tpm, eles iriam ver que também contribuíram pra eu me mandar! Que graça tém só eu levar a culpa? E pra quê, me diz, pra quê minha tpm tem que passar em Copenhagem? Porra!!! Eu não quero lembrar dele, não quero, passo o mês todos numa boa, sem doença nenhuma e me vem ela e estraga tudo? Ao som de "underneath your clothes, there's an endless story...", me vêm as lembranças, as histórias, os sorrisos, a mágica daquele segundo encontro e a dúvida de como o destino fez aquele milagre. Seria mesmo normal, uma menina se apaixonar por um menino só pelo olhar dele, e ao passar a noite com ele, o amar perdidamente? Seria normal ela acordar no dia seguinte e ao perceber que ele não estaria lá na hora marcada (porquê havia ido mais cedo e ela não estava), ela chorar e não conseguir mais levantar da cama? Seria normal ela passar uma tarde abraçada ao travesseiro chorando, simplesmente por achar que o menino que ela conhecera no dia anterior havia ido embora? Não! Não é normal. Claro que não é. E então, lá vai ela pra Califórnia. Mais precisamente para a Black Mountain Rd, e ainda mais a fundo, ela me faz reviver aquele momento escuro do carro para a porta da frente, que sempre estava aberta. E depois ela sobe aquelas escadas atapetadas e vai direto prum quarto de menino, com um cachorro boxer sempre acompanhando. Porra, e ela passa por tantos momentos, tantas palavras em inglês e tantas feridas que aparecem quando eu ouço aquela música, Caralho! Essa tpm me fode!!! E ela me deixa ainda mais alcoólatra, e tpm chique que se preze pede whisky, licor de chocolate, conhaque, juro, eu tenho vontade de beber conhaque! Caralho! Eu odeio essas bebidas, eu gosto de cerveja! E ela vai pro Carnaval de Ssa e um segundo depois vai pra Vitória! Ela me ilude, eu penso em dar uma risada lembrando das putarias do carnaval e me aparece ele, todo lindo, e ela vai direto pros momentos em que eu mentia descaradamente pra ele, que era o vulgo amor da minha vida, e lá vai... ralo a baixo, lá vai ele... E minha tpm lá, vibrando com minha tristeza profunda. Porra, na hora eu ria! Tenho mesmo que ficar me lamentando agora? E toma-lhe bebida! Até cachaça... Sim, uma cachacinha ma-ra-vi-lho-sa de Minas. Quero, claro - digo eu, salivando por um shot...
Vai entender... Alguma coisa em mim tinha que ser chique.
Que seja apenas uma vez por mês....
sábado, 18 de junho de 2011
Ele.
Eu tinha saído do trabalho e fui encontrar com minha amiga, precisava de algum álcool no meu corpo e lá se foram duas grandes taças de Cabernet Sauvignon. Ela foi trabalhar e eu estava sem meu carro vermelho, o que cá entre nós, me aliviava um pouco. Fui pro ponto de ônibus e é impressionante, eu não resisto a um isopor. E lá veio pra mim, meu bom e velho latão. Comprei e fui pro lugar que eu sei que meu ônibus pararia. Não queria encontrar ninguém. Era eu e meus momentos de sempre. Adorava uma baixaria, um ponto de ônibus, com música alta, cerveja de latão e muito lixo no chão. Aquilo era minha cara.
De repente alguém me puxa pelos braços. Ele.
A última pessoa que eu poderia encontrar, o único que invade meus sonhos e faz o favor de revirar uma parte dos meus sentimentos que nem eu mesma sabia que existia.
A gente riu e eu disse que não esperava encontrar ninguém. Eu sabia que ele havia adorado me encontrar, principalmente naquela situação. Mulheres comuns não têm vontade de cervejinhas no ponto de ônibus e eu tenho. Ele me admira e gosta de mim do jeito que eu sou.
Ele disse que me amava.
Eu acho graça.
De repente alguém me puxa pelos braços. Ele.
A última pessoa que eu poderia encontrar, o único que invade meus sonhos e faz o favor de revirar uma parte dos meus sentimentos que nem eu mesma sabia que existia.
A gente riu e eu disse que não esperava encontrar ninguém. Eu sabia que ele havia adorado me encontrar, principalmente naquela situação. Mulheres comuns não têm vontade de cervejinhas no ponto de ônibus e eu tenho. Ele me admira e gosta de mim do jeito que eu sou.
Ele disse que me amava.
Eu acho graça.
Ela.
Era sábado. Eu tinha acabado de sair do trabalho, cansado pra caralho. Arrumei minhas coisas e não me dei ao trabalho de dar tchau pra todo mundo. Queria logo sair dali. Depois de andar pelo shopping, desviando de pessoas que olhavam vitrines e me irritavam a cada metro, eu cheguei no ponto de ônibus.
Eu tava lá, sem paciência nenhuma, encostado, esperando meu ônibus. De repente aquela imagem. Na verdade eu não acreditei de primeira. Ela tinha acabado de comprar um carro vermelho e estaria lá? Que nada.
Ela estava. No meio de uma multidão eu a vi. Sapatilha, calça preta justa e camisa vermelha social, com um decote que eu sonhei durante várias noites de minha vida. Toda atrapalhada, lá vinha ela. Esbarrando em todo mundo sem perceber (como ela sempre fazia), e com um latão na mão.
Eu a reconheci pelo seu jeito de andar. Nunca vi alguém esbarrar em todo mundo e não perceber de maneira nenhuma. Com aquela cerveja na mão. Nem combinava. Ou combinava demais. Quem a conhecia sabia que aquilo ali era a cara dela. Quem a via, não entendia nada.
E ela veio. Ela passou por mim sem perceber, olhando pra trás e vendo se seu ônibus estava chegando, e quando ela ia esbarrar em mim, eu a peguei pelo braço. Ela parou de uma maneira brusca que a sua franja caiu sobre seus olhos e sua cerveja derramou um pouco no chão. Ela olhou pra mim e começou a rir.
-Não era pra ninguém me encontrar assim.
-Assim como?
-Ah, acabando de sair do trabalho e desejando uma cervejinha de ponto de ônibus.
Eu a abracei. Foi a única coisa que me veio à cabeça. Eu a abracei forte e disse o que eu já havia dito algumas vezes:
-Eu te amo.
Ela acha graça. Eu digo e repito que ela é a mulher a minha vida, mas ela... ela acha graça.
Eu tava lá, sem paciência nenhuma, encostado, esperando meu ônibus. De repente aquela imagem. Na verdade eu não acreditei de primeira. Ela tinha acabado de comprar um carro vermelho e estaria lá? Que nada.
Ela estava. No meio de uma multidão eu a vi. Sapatilha, calça preta justa e camisa vermelha social, com um decote que eu sonhei durante várias noites de minha vida. Toda atrapalhada, lá vinha ela. Esbarrando em todo mundo sem perceber (como ela sempre fazia), e com um latão na mão.
Eu a reconheci pelo seu jeito de andar. Nunca vi alguém esbarrar em todo mundo e não perceber de maneira nenhuma. Com aquela cerveja na mão. Nem combinava. Ou combinava demais. Quem a conhecia sabia que aquilo ali era a cara dela. Quem a via, não entendia nada.
E ela veio. Ela passou por mim sem perceber, olhando pra trás e vendo se seu ônibus estava chegando, e quando ela ia esbarrar em mim, eu a peguei pelo braço. Ela parou de uma maneira brusca que a sua franja caiu sobre seus olhos e sua cerveja derramou um pouco no chão. Ela olhou pra mim e começou a rir.
-Não era pra ninguém me encontrar assim.
-Assim como?
-Ah, acabando de sair do trabalho e desejando uma cervejinha de ponto de ônibus.
Eu a abracei. Foi a única coisa que me veio à cabeça. Eu a abracei forte e disse o que eu já havia dito algumas vezes:
-Eu te amo.
Ela acha graça. Eu digo e repito que ela é a mulher a minha vida, mas ela... ela acha graça.
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