quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Cotas

Mais um ano chegando ao fim.
Quando eu era moleca, ficava calculando quantos anos eu teria em 2000.
Dezesseis anos e eu achando que aquilo era o que havia de mais distante da minha realidade.
Tudo bem, vai. Eu ia casar com 23.
Com 23 anos, eu tinha acabado de voltar da Califórnia e era a maior das solteiras. Ficava com todo mundo, carnaval de Salvador me aguaradava ansiosamente, e eu namorava.
Namorava, pq hoje eu vi que eu namorei a beça. Fiz algumas pessoas de otárias, e me diverti horrores.
Eu namorei menos do que eles me namoraram, bem menos. E fui noiva também. Dessa eu só soube depois que eu terminei.
"Você era noiva do fulano, não é?"
"Era...". Achei um barato!!! Noiva? Rá!!!
Tudo foi motivo de diversão com os meus términos. Menos o do filho da puta que me traiu na casa em que morávamos. Tudo bem que eu tinha pego alguns amigos dele no Reveillon em que ele estava passando com a família, mas isso não era motivo, afinal, nos Estados Unidos todos se dão estalinhos na hora da virada, então eu, "mera brasileira sem saber de nada", não sabia que se você namorava não podia ué. Aí ele me deu o troco bonito. E como me mandei pro Brasil dois dias depois, eu só encenei em alguns e-mails a minha profunda tristeza, enquanto eu já tava botando pra quebrar no carnaval.
Dois anos depois, ele me mandou um e-mail dizendo que me amava, que se eu ainda o amava era pra eu dizer, que ele viria pro Brasil, e que chegou a achar que iríamos casar.
Eu já namorava, mas não deixei a peteca cair, óbvio, respondi na mesma pegada, mas dando o fora. Dizendo a mesma baboseira de sempre, que eu o amei muito, mas tive que seguir a minha vida.
Mas sofri viu... Sofri achando que iria morrer, mas na hora que eu tava cheia de cerveja na cabeça e no coração, eu morria de rir. Quem diria que eu só estava em sã consciência quando estava muito bêbada e conseguia assumir que eu era uma artista, enganava a mim mesma.
O meu primeiro namorado foi o grande amor da minha vida, aquele que se ama sem saber de nada, na mais santa inocência, achando que é pra sempre. Desse amor, você nunca mais sente. Nunca, jamais. Eu terminei amando, mas a minha vontade de viver a vida intensamente é tão grande que eu senti  necessidade de me soltar e fazer tudo o que me desse na telha, sem dar satisfação pra ninguém. E foi quando eu fui parar na Califórnia. Cumpri todas as minhas cotas de fazer merda naquele ano.
Sorte minha que tô aqui sã e salva depois de tudo o que eu aprontei. Gastei as minhas sete vidas ali.
Na verdade, eu não sou uma escrota descompensada que sai por aí fazendo besteiras.
Eu tenho um relacionamento estável, um trabalho bacana, e uma família de foder, mas eu gosto de viver a vida e as leis impostas pela sociedade não me permitem.
Eu não tô pedindo muito, não tô mesmo. Eu queria uma viagem internacional por ano. Perfeitamente normal para uma menina independente como eu, que aprendeu a juntar dinheiro. Algumas viagens pelo Brasil, sendo que os lugares que eu gosto não são turísticos, logo, não são caros. E eu, que tenho um pouco de nojo de luxo, sou uma hóspede econômica, então também não é nada demais. E eu queria beber pelo menos três vezes por semana, sem ter hora pra chegar em casa e sem me preocupar com o celular. E se eu tiver vontade de me pegar com o carinha do ponto de ônibus, eu poder, sem ter medo de alguém ver, ou peso na consicencia. Se bem que isso é uma coisa que não me pertence mais, um horror. Antes o peso ficava na minha cabeça e dois dias depois ia embora, hoje, eu pisco o olho e fico tentando de qualquer maneira ter algum peso na consciência, mas ele nem tchum pra mim. Eu até queria ser normal, mas não consigo de maneira nenhuma.
Ontem vieram me dizer que minha cota de polêmicas desse ano já tinha acabado há muito tempo.
Eu nem sabia que polêmica tinha cota.
Ainda bem que o ano terminou.
Minhas cotas zeraram!!!!
Uhuuuu, que venha 2011!!!!!!!!

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Oi amiga.

Ontem fez um ano que você se mandou. Bem no dia do seu aniversário.
Não dá pra entender nada. Aí essa noite, você inventa de me aparecer, eu já disse que morro de medo. Se quiser falar comigo, é de dia. Já disse isso, mas as vezes você cisma em não me ouvir.
Aí me pegou pelos braços, sentada numa mesa de restaurante e disse uma coisa primeiro que eu não me lembro bem. Se eu tivesse sonhando mesmo, eu lembraria, mas eu tava ainda acordada, mas acho que você me dizia:"eu tô aqui, eu tô aqui, me ouve." E eu não tinha reação alguma. E depois, isso eu me lembro bem, você me disse: " Eu não me joguei! Eu não me joguei!" Eu sei que você não se jogou, e também tenho certeza que ele não te empurraria, não importa a droga que tivesse naquela cabeça de merda, mas que eu também gostava. Incrível como a gente gosta de pessoas que a gente nem sonha que possam nos levar pra longe, pra puta que pariu, pra onde quer que se vai, quando se vai tão longe assim.
Sei que eu tô um pouco grosseira, nem sei se essa é a palavra certa, mas sei que não estou dócil como sou, mas é porque, amiga, é foda, é difícil pra caralho, e eu não aceito, não aceito mesmo, e ai de quem falar perto de mim todas aquelas baboseiras de que você tá num lugar melhor, blá blá blá.
Quem sabe sou eu.
A gente sempre soube, o jeito uma da outra, as vontades, tudo. A gente se falava no olhar e então eu sei, e você ainda inventa de me aparecer em sonho pra me deixar ainda mais agoniada. Quando eu disse que queria sinais, não eram sinais de que as coisas não estavam lá esse paraíso, mas sinais de que tava tudo ok, tudo indo, tudo numa boa. Mas não, você nunca sabe, só eu. E então, em sonho, eu sempre tô te segurando, disfarçando, não deixando você sair do meu lado. Porque eu sei que você não volta mais, eu sei que você não vai simplesmente ir ao banheiro, como daquela vez que estávamos com uma garrafa de Red no play de algum prédio, e você ainda encrenca comingo, dizendo:"Amiga, eu só vou ao banheiro." Eu não deixo e você não entende nada. Aí eu acordo, naquela agonia, e choro.
Não dá pra entender. Você não tá entendendo nada, né? Você deve tá vagando por aqui. Ontem veio parar aqui na Bahia, em plena Abrantes, como você achou? Aí tem gps?
Eu amo você. Acho que você entendeu que eu não quero mais ficar com pensamentos escuros a repeito de onde você tá agora. Deve ter sido por isso que você não apareceu essa noite. Mas eu rezei pra você vir, não foi? Eu sei, você deve tá confusa, eu não sei o que quero, não é? A verdade é que eu quero que você esteja naquele tal de paraíso, mas cercada de cerveja, tequila e homens maravilhosos. E amigos, muitos amigos pra não te deixar carente de mim. Pare de fechar a cara pras pessoas que querem se aproximar de você, não sou eu, eu sei, mas são amigos também.
Amiga, aceite, vai. Acabou. Vá pra lá, não é mais aqui que você tem que ficar.
Você agora é anjo, além de princesa.
Você é uma princesa anjo, vai iluminar lá em cima.
É segredo, mas ainda não existe uma princesa anjo, você é a primeira!
Vai lá, eles tão te esperando!!!!
Eu continuo aqui em baixo, onde é uma eterna guerra. E continuo te amando além da terra, céu e mar.
E quando você tiver chegado lá em cima, volta em sonho pra gente poder quebrar tudo e se divertir horrores durante uma noite todinha, sem ter que pegar taxi pra voltar pra casa.
Amo-te.

domingo, 19 de dezembro de 2010

As coisas simples da vida

Muitas coisas me agradam. Poucas coisas me agradam MUITO.
E ninguém consegue entender que são as coisas simples que me agradam. Eu não sou que nem os outros, eu não me enquadro no grupo de pessoas normais. Eu acho um saco acordar, ir trabalhar, chegar em casa e descansar. Eu adoro beber e isso não é problema. Sim, eu queria beber todos os dias, mas não bebo pq eu tenho um lado que finge compreender que isso não é normal, então eu bebo uma dose de whisky escondida. Não é encher a cara todos os dias, porra! É almoçar tomando uma cerveja, e não é com um grupo de amigos não, é sozinha mesmo. E isso não é anormal. No meu mundo não é. No meu mundo anônimo eu posso fazer o que eu tenho vontade.
Ah, eu também gosto de pessoas que vivem a vida simples. Eu queria viver de amor numa cabana, e em raros momentos de sinceridade quando eu falo isso pra alguém, ou acham graça, pq não entendem nada de nada, ou ficam admiradas achando o máximo eu pensar nisso, não acreditando que isso é possível e criando histórias nas suas cabeças. Que povinho.... Eu acho que nunca vou encontrar alguém que nem eu. Na verdade eu já vivi histórias com pessoas que estavam em fases extremamente irresponsáveis e alguns anos mais tarde entenderiam isso, que foi "apenas uma fase". Que saco. E eu não sou irresponsável, não sou de verdade. Eu sou inteligente, não sou uma louca, mas sou organizada o suficiente pra conciliar as minhas vontades de viver com minhas obrigações diárias, e isso eu faço muito bem. Eu queria alguém exatamente como eu , do sexo oposto. Seríamos ricos, devido nossa inteligência e estudos e ganâncias, e depois do trabalho sentaríamos nos bares da cidade com mesas amarelas de plástico e cervejas de garrafas, e conversáriamos, rindo das nossas mancadas e comemorando nossas vitórias. Gastaríamos um dinheiro à toa devido as garrafas quebradas, pq assim como eu, ele também não conseguiria passar uma noite sem quebrar um copo, ou esbarrar na garrafa de cerveja e ela voar, ora no meu colo, me molhando toda, ora no dele. E isso não seria problema nenhum, pq morreríamos de rir e quando chegássemos em casa, iríamos marcar na nossa tabela que ficaria presa na porta da geladeira, a quantidade de garrafas e copos quebrados. Quem quebrasse menos, escolheria o destino da viagem do mês seguinte. Sempre ali do ladinho, um final de semana, antes dos nossos filhos nascerem. E ele sempre escolheria, pq acho humanamente impossível alguém ser mais estabanada que eu. Mas ele teria dó às vezes, pq eu iria querer há meses ir pra comunidade hippie da cidadela no interior e ele sempre ganharia e escolheria algum lugar um tantinho sofisticado, que eu aceitaria, dizendo: mas eu queria passar o dia todo descalça... E ele iria rir e dizer: Passa ué, podemos ir descalços comer fondue. Engraçado... , eu diria fazendo dengo. Ai, cadê você que não existe? Eu aceito perder todo mês, eu vou pra onde você quiser todas as vezes, eu vou!!!! Eu prometo que me comporto com você! Eu não vou ter motivos pra ohar pra mais ninguém, você também não vai ter, eu juro!
Não vale aparecer em sonhos, no corpo de conhecidos.
Outro dia eu sonhei com uma pessoa, estávamos sentados numa calçada de um estacionamento. Não estávamos num lugar legal, era um estacionamento, não estávamos sentadinhos numa mesa, era na calçada, e estávamos apaixonados, e deitamos no chão, qualquer pessoa pensaria na sujeira de um estacionamento, mas a gente não, e ele veio pra cima de mim e me beijou e eu era amada demais, e amava na mesma intensidade, ele parou de me beijar e voltou a deitar do meu lado, os dois olhando pro céu e então eu disse:"Vamos pra Chumbe, na Tanzânia?" Acordei.  Mas ele iria. Em sonho e na vida real, pq eu não presto e contei pra ele, sabendo que ele iria ficar sonhando com isso, e viajando em mim. Eu engano os outros, já disse isso. E eu me engano também, então essa história faria o tempo passar mais rápido enquanto eu não enjoasse de fantasiar Chumbe. É o maior barato o ver me olhando e balançando a cabeça, como quem diz: " pq vc faz isso comigo?" Ele é mais um daqueles que dizem que iriam fazer e acontecer, viajar o mundo comigo, se acabando em meio a natureza, e por aí vai. Mas acho que ele não faria não. Mais um pra minha lista de iludidos, poor  guy. Eu entro e saio dessa lista o tempo todo, eles não. Até hoje, alguns quando me encontram ficam viajando. Que saco, eu já saí da lista há muito tempo e eles continuam lá, iludidos, achando que comigo seria diferente, mas nossas vidas tomaram outros rumos . Coitados, a maioria das vezes eu me mando e alguns anos depois, mando uma mensagem, um e-mail fingido só pra constar, pra caso eles tivessem me esquecendo, eles se lembrarem rapidinho. Nem sei pq eu sou assim.
Espero que em algum lugar do mundo tenha alguém que, diariamente, se pergunte a mesma coisa todos os dias e esteja esperando ansiosamente para me encontrar e finalmente me conhecer de fato. Eu de verdade.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Finalmente eu!!!

Finalmente!!!!
Já me sinto até um pouco aliviada. Vou dizer quem eu realmente sou.
Mas tem que ser anônimo. Caso contrário, todos iriam me desmascarar na minha cotidiana farsa, e eu estaria fudida.
Algumas pessoas já me viram de verdade. Privilégio para poucos, em momentos raros. Mas viram.
E aí foi uma merda. Alguns passaram a não falar mais comigo, mas logo depois eu tratei de colocar minhas artimanhas em prática e aí, facilmente, eles acreditam em mim de novo. Eu rio por dentro.
Uma vez fui sincera, de verdade, com um carinha aí que eu dizia que estava apaixonadíssima, enquanto eu namorava outro. Sim, eu traio, mas quando eu gosto mesmo, se é que esse dia já existiu, até eu acredito em mim e depois fico me perguntando como pude me fazer de tão sincera comigo mesma se eu nunquinha tinha sido mesmo fiel. Mas teve uma vez que eu fui sincera, mas depois eu descobri que eram só as minhas artimanhas que enganam a mim mesma.
Eu me engano fácil.
Eu escrevi um e-mail pra ele dizendo quem eu era, disse que não era pra ele se apaixonar, que eu ia o machucar, que eu fingia que gostava e até eu acreditava em mim, mas que depois eu via que era tudo mentira, e por aí vai. Sério, eu escrevi tudinho, num momento raríssimo de sinceridade. Mas eu sabia, sinceridade porra nenhuma. Tá vendo como o tempo todo eu tento me enganar? Era só um email justamente pra ele dizer que eu não era nada daquilo. E funcionou tão bem.
Eu sou extraordinária. E isso ninguém pode negar.
Eu engano muito bem.
Acho que nunca sofri por amor. Quer dizer, eu já sofri sim, mas tudo, tudinho por pura opção.
Eu adoro me arrasar. E isso eu também faço muito bem.
Eu poderia fazer uma lista dos porquês eu sou uma farsa, mas eu não tenho paciência.
Aliás, minha paciência de escrever acabou.
Eu, de verdade, não tenho muita paciência pra nada.