sábado, 8 de novembro de 2014

Na cama com preguiça

Psiu... Tá na hora de você começar a se arrumar pro casamento.
Sei que a essa hora você tá deitado, se espreguiçando, e dizendo: Preguiça da porra....
Eu podia apostar na mega sena que é exatamente isso o que você está fazendo agora.

E eu sei que você podia apostar que eu já estaria me arrumando. E estou.

Estou me arrumando, procurando em todos os cantos a coragem que me falta de te reencontrar depois de alguns anos.

Nosso último encontro foi bem traumático pra mim. Acho que casamentos são traumáticos pra nós dois.

Mas o casamento deles ultrapassa os limites....

Quantas vezes eu já não corri pro colo dela pra desabafar? Quantas vezes você já não foi jogar bola com ele?

Quantas vezes saímos nós quatro. Quantos ataques de riso?! Lembra quando paramos pra pedir informação na estrada e não conseguimos parar de rir? Ninguém se controlou e não conseguimos falar nada, simplesmente fechamos o vidro e fomos embora. Acho que fomos rindo daquele jeito até Minas. Foi o Victinho que começou, com aquela cara de quem prende o riso, desarmando qualquer seriedade.
E a viagem de Itaipava, que nós quatro fomos? Pousada linda, viagem perfeita e muita zueira por estarmos em quartos vizinhos. Ninguém podia fazer muito barulho, lembra?
 Tiveram as praias, as viagens pra Teresópolis, pros campeonatos de futebol, teve aquela comemoração de dez anos no sítio...
Jantares com eles, nós quatro, sempre juntos. Sempre grudados.

E agora somos quantos? Seis? Eles dois, você com ela e eu com ele.

Onde está o sentido de tudo isso? Pra que construir tanta coisa e hoje nos olharmos tão vazios?

Não estou conseguindo continuar a me arrumar. Já era pra estar quase pronta... Você sabe como eu sou, não é? Não gosto de me atrasar. Mas eu queria, queria me atrasar tanto a ponto de não ir.

Você sabe, também, como eu encaro as coisas, né? Então, dá licença, tenho que fazer o meu cabelo.

Até daqui a poucco, Dé.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Pra você, menino do metrô.

Felipe,

Se você decorou mesmo o endereço desse blog (que ninguém sabe), naquele dia que nos encontramos e as Originais e suas mãos invadiram nossa noite, e pior, se você perde o seu tempo pra ler as baboseiras que eu escrevo, então:

1. Tô fudida.

2. Não acredita muito nas coisas não.

3. Deixa eu te explicar:

Primeiro, eu já estava com o texto pronto na minha cabeça pra te dizer: Esse blog não é só meu, minhas amigas também publicam, etc. Depois, eu resolvi que não ia mentir não.

Sou eu mesma quem escreve todas essas bobagens, pra todas essas pessoas sem importância.

São pessoas que cruzam a minha vida e deixam uma mensagem qualquer. Inclusive,  que você pode conhecer pessoas interessantes em um sábado de manhã no metrô.

Deixa eu te explicar direitinho... Eu vivo, literalmente, um dia de cada vez.
Foi por isso que eu casei no primeiro dia que fiquei com meu ex-marido. Ele dormiu na minha casa naquela noite e nunca mais dormimos separados, até separar de vez.  Foi por isso, também, que eu comprei um apartamento com ele com quatro meses de relacionamento, e que compramos o meu Gol vermelho, carro dos meus sonhos na época.
Foi por isso que um dia, quando eu tava na faculdade, depois de uma chopada, eu e minha melhor amiga resolvemos fazer um mochilão... naquele dia! Nos mandamos pra rodoviária e fomos parar em Vassouras, pedindo carona debaixo de chuva.
Foi por isso que resolvi morar fora numa sexta-feira e segunda eu estava dentro de um avião, desembarcando nas montanhas do Colorado.
Foi por isso que eu fiz cinco faculdades, achei o homem da minha vida várias vezes, e às vezes, por uma noite só.
Foi por isso que aceitei namorar na primeira noite e terminei algumas horas depois.
Foi por isso que ganhei uma carta de amor por correio, um capítulo de um livro e uma aliança aos 18 anos.

É porque eu sou assim, menino do metrô, vivo muito intensamente.

Eu ia lhe pedir desculpas por te assustar.
Mas sabe o que eu gosto, quer dizer, o que eu gostei? Você parece ser muito parecido comigo.
Então eu não tenho que pedir desculpas por ter te assustado, mas eu queria que você não desse importância para todos esses textos em que eu falo dos meus sentimentos, porque eles estão só nos papéis.

Foi por isso que nossa noite não mereceu um texto. Por que eu gostei de você de verdade.