sábado, 13 de abril de 2013
Despida
Sabe quando tem alguém fantasiado com aquelas roupas que cobrem o corpo todo, inclusive a cabeça? Eu era assim, um personagem mascarado, que não se via dentro. Inteirinha mascarada, fantasiada. Porque eu não me assumia, não podia ser eu de verdade. Mas agora, lentamente, eu abri o fecho-ecler que ia da cabeça ao pé, e dixei cair toda a fantasia. Caiu inteirinha no chão e eu levantei um pé, apoiei do outro lado e puxei o outro pé. E entrei. Entrei no mundo real. Demorou pra eu me acostumar. Tudo meio diferente, mais alto, mais largo, dá pra ver até lá em cima. Se você olha em volta, assim sabe, 360°, parece que não tem fim. E acho mesmo que não tem, dizem que é redondo. Pra mim não tem mais fim. Não tem mesmo. Teve, dentro da fantasia tinha. Era ruim, ruim. Dava vontade de gritar vez ou outra, de me sacudir toda, agoniava demais, dava calor. Sufocava, acho que é essa a palavra. Eu vivia um sufoco. Me sinto pelada. Nua e crua. Podem olhar, estou aqui pra isso. Mas olhem bem, tenho defeitos! Viva! Sempre tentei esconder tanto, até o jeito de sentar, de olhar, o melhor ângulo, a melhor pose... Mas não agora! Eu existo, eu tenho uma vida! Sim, eu tenho uma vida! Estou tão feliz, liberta. Eu posso ir e vir. Posso passar horas admirando meus defeitos. Tentei tanto esconder, mas são parte de mim, nesse mundo que acabei de entrar, as pessoas podem até gostar. Eu tô me acostumando com eles, os cuido como uma preciosidade, eu os amo! Quero errar tanto agora, mas tanto, que quero perder as contas dos erros cometidos. Quatro anos sem poder errar e agora eu tenho essa oportunidade! E que oportunidade! Quero defeitos, quero erros, quero a realidade nua e crua, assim como eu. Que delícia de mergulho, que leveza, que mundo grande todo meu. Todo meu. Não dou pra ninguém, nem um pedacinho.
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